Compositor: Piti Fernández
Ela ganhava bem como telefonista
Eu trabalhava mal e ganhava pior ainda
Eu tinha o papel principal, ela era a protagonista
Da história de amor mais triste de todas
Eu a olhei de longe, mexendo sua cintura
E, no ritmo do seu corpo, meu olhar dançou
Os espelhos se quebravam ao refletir sua beleza
Os esquemas do meu pobre coração se quebravam
Não, não, não
Sortudo é o dono dessa pérola, se é que ele existe
Dessa obra de arte, dessa boca de mel
Eu disse, e ali mesmo, apesar de saber que existia
Sem papel, sem caneta, vamos direto para o hotel
Eu soube que ela era casada e com problemas no casamento
E que não suportava gente de mau humor
Soube que enlouquecia com beijos na orelha
E que, pelada na cama, ela dança muito melhor
Não, não, não
Ela agradava todos os meus sentidos
Menos quando o marido era o tema da conversa
Quando sua confissão machucou os meus ouvidos
Eu disse a mim mesmo: Não ouça, não se afogue nesse mar
Eu abri de par em par as portas da minha alma
E deixei escapar meu pior segredo
Disfarçando a tristeza e mantendo a calma
Eu disse: Mesmo que não acredite, estou buscando amor
Nos rendemos os dois a agir como bobos
Que eu era seu marido e que ela era minha mulher
Mas, ao final de tudo, eu não queria ser seu marido
Ela quis voltar a ser a dama infiel
Agora, ela está feliz, voltou com o idiota
Eu ando pelas ruas, buscando outra mulher
E aprendi que a mentira tem pernas curtas
Que o costume sempre vai matar o prazer
Vai matar o prazer
Não, não, não